TEOLOGIA CRISTÃ REFORMADA
terça-feira, 6 de março de 2012
Santificação - Por Irio Ferreira
Santificação
Leitura
Bíblica:
1Pe 1.14-15
Ler
com oração:
Porque escrito está: Sede santos, porque
Eu sou santo (1Pe 1.16)
A escritura
demonstra enfaticamente que a salvação não é um fim em si mesma, antes é o
inicio de uma vida cristã, através da qual nos tornamos filhos de Deus e
progredimos em santificação até a consumação de todo o propósito de Deus em
nossa vida. Devemos estar atentos para o fato de que a salvação (Justificação,
regeneração, união com cristo) não é a linha de chegada da vida cristã; antes é
o ponto de partida de nossa jornada até alcançarmos a maturidade.
A cada dia, podemos
progredir em nossa vida espiritual, prosseguindo num conhecimento mais pleno,
mais alto, mais pessoal e experimental de Deus em Cristo. Essa peregrinação em
busca da maturidade é o que chamamos de “Santificação”.
O que é a obra da Santificação?
Santificação é a graciosa operação do Espírito Santo,
que envolve nossa participação responsável, pela qual ele nos livra da poluição
do pecado, renova a nossa natureza inteira segundo a imagem de Deus, e
habilita-nos a viver de forma a agradá-lo
(Anthony Hoekema)
Wayne
Grudem define Santificação como: A obra progressiva de Deus que nos torna
mais e mais livres do pecado e iguais a Cristo.
Ponto chave:
A
missão do Espírito Santo é esculpir nos eleitos a imagem de Cristo. "Meus
filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja
formado em vós" (Gálatas 4 : 19)
Porquanto aos que de antemão conheceu,
também os predestinou para serem conforme a imagem de seu filho, afim de que
Ele seja o primogênito entre muitos irmãos. (Rm 8.29)
Aplicação:
Um
dos principais motivos de nossa predestinação é a nossa Santificação. Deus o
Pai nos... escolheu Nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e
irrepreensíveis perante Ele em amor. (Ef 1.4)
Semana 4 – Terça - Feira
Justificação e Santificação
Leitura
Bíblica:
Rm 12.1-2
Ler
com oração:
Antes crescei na graça e no conhecimento
de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A Ele seja a glória, tanto agora como
no dia eterno. (2Pe 3.18)
Para avançarmos
em nosso estudo devemos estar atentos para as diferenças que existem entre
conversão, regeneração, Justificação e Santificação. Sabemos que a obra de Deus
em nós é unitária, mas a divisão sistemática se torna necessária a guisa de
compreensão.
A diferença entre Justificação e
Santificação
Justificação
|
Santificação
|
Posição
legal.
De
uma vez por todas.
Obra
inteiramente de Deus.
Perfeita
nesta vida.
A
mesma em todos os cristãos.
|
Condição
interna.
Continua
por toda a vida.
Nós
somos cooperamos.
Não
perfeita nesta vida.
Maior
em alguns do que em outros.
|
Como essa
lista indica, a santificação é algo que continua por toda nossa vida cristã. O
curso normal da vida do cristão envolve contínuo crescimento na santificação, e
essa é uma questão para a qual o Novo Testamento nos encoraja a dar atenção e
por ela demonstrar zelo.
A Justificação remove culpabilidade do pecado e restaura o
pecador a sua posição de filho e herdeiro de Deus.
A Santificação remove a poluição do pecado e nos restaura
a imagem de Deus.
Na Justificação os nossos pecados são perdoados; somos
livres da punição do pecado.
Na Santificação os nossos pecados são vencidos; somos
livres do poder do pecado.
Justificação é o que Deus Pai faz por nós – ato
declarativo.
Santificação e o que Deus Espírito Santo faz em nós –
processo experimental.
Ambos são frutos dos méritos de Cristo, mas Justificação
se relaciona com o Pai, e Santificação, com o Espírito.
Ponto chave:
Cada pessoa da santíssima trindade tem uma função específica
no plano da salvação dos homens.
O Pai enviou seu Filho para cumprir o plano que ele havia
traçado e determinado.
O Filho Cumpriu cabalmente o plano, consumando todas as
coisas na cruz do calvário.
O Espírito aplica nos escolhidos os beneficios da obra do
relisada pelo filho.
Aplicação:
Devemos buscar o crescimento espiritual cooperando com o Espirito no processo
do desenvolvimento de nossa salvação.
Semana 4 – Quarta - Feira
Os estágios da santificação
Leitura
Bíblica:
1Pe 1.14-15
Ler
com oração:
Assim, pois, amados meus, como sempre
obedecestes, não só na minha presença, porém muito mias agora, na minha
ausência, desenvolvei a vossa Salvação com temor e tremor; porque é Deus quem
opera em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua vontade. (Fp 2.12-13)
A Santificação tem um começo definido na
vida cristã
Uma mudança moral definida ocorre em nossa vida no
momento da regeneração, porque Paulo fala sobre o “o lavar regenerador e
renovador do Espírito Santo” (Tt 3.5). Uma vez nascidos de novo não podemos
continuar pecando como um hábito ou como um padrão de vida (1Jo 3.9), porque o
poder da nova vida espiritual em nós impede-nos de render-nos a uma vida de pecados.
A santificação aumenta por toda a vida
Ainda que o Novo Testamento fale sobre um começo
definido da santificação, também a vê como um processo que continua por toda
nossa vida cristã. Geralmente esse é o sentido principal com que o termo
santificação é usado na teologia sistemática e nas conversas cristãs de hoje.
Embora Paulo diga que seus leitores foram libertados do pecado (Rm 6.18) e que
estão “mortos para o pecado, mas vivos para Deus” (Rm 6.11), ele todavia
reconhece que o pecado permanece na vida deles; por essa razão, aconselha-os a
não deixá-lo reinar e a nem se renderem a ele (Rm 6.12-13).
A
santificação se completará na morte (em nossa alma) e quando o Senhor retornar
(em nosso corpo).
Por causa do pecado que ainda permanece em nosso coração,
embora tendo-nos tornado cristão (Rm 6.12-13; 1Jo 1.18), nossa santificação
nunca se completará nesta vida. Mas uma vez que morramos e estejamos com o
Senhor, então nossa santificação se completa nesse sentido, porque nossa alma é
libertada do pecado que habita em nós. O autor de Hebreus diz que quando
chegamos à presença de Deus para adorar, chegaremos no estado de “ espíritos
dos justos aperfeiçoados” (Hb 12.23). Isso é bem apropriado, porque prevê o
fato de que “nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada” na presença de
Deus, (Ap 21.27).
A santificação nunca se completará nesta vida.
Sempre houve na história da igreja quem tomasse
mandamentos como Mateus 5.48 ou 2Coríntios 7.1 e raciocine que, visto que Deus
nos dá esses mandamentos, Ele deve-nos dar também a capacidade de obedecer
perfeitamente. Portanto, concluem, é-nos possível alcançar um estado de
perfeição sem pecado nesta vida. Além disso, eles apontam para a oração de Paulo pelos
tessalonicenses, “o mesmo Deus da paz vos santifique em tudo” (1Ts 5.23), e
inferem que a oração de Paulo pode bem ter sido cumprida por alguns cristãos
tessalonicenses. De fato, João igualmente diz: “Todo aquele que permanece Nele
não vive pecando” (1Jo 3.6)! Não indicam esses versículos a possibilidade da perfeição
sem pecado na vida de alguns cristãos? A esta posição dar-se geralmente o nome
de perfeccionismo, referindo-se a uma visão de que a perfeição sem pecado é
possível nesta vida.
Ponto chave:
Creio
que o crente pode tomar posse da vida santa pela fé, e alcançar uma vida madura
na terra, uma vida que glorifica a Deus; mas dizer que o crente pode viver uma
vida sem cometer pecados é um erro grotesco que devemos evitar.
Aplicação:
Aqui
está mais um paradoxo da fé cristã. Mais uma vez confessamos a famosa frase: “A
soberania de Deus não anula a responsabilidade humana”; apesar de a
santificação ser uma obra realizada por Deus, nos podemos cooperar
com o seu desenvolvimento nessa vida.
Semana 4 – Quinta - Feira
Deus e o homem cooperam na santificação.
Leitura
Bíblica:
Hb 12.14; 1Ts 4.3; 1Jo 3.3;
1Co 6.14; 2Co 7.1; 2Pe 1.5; Rm 12.1– 3.14; Ef 4.17–6.20; Fp 4.4 – 9; Cl
3.5–4.6; 1Pe 2.11–5.11).
Ler
com oração:
Se, pelo Espírito, mortificardes os
feitos do corpo, certamente, vivereis. (Rm 8.13).
Alguns
(tais como John Murray) recusam-se a dizer que Deus e o homem “cooperam” na
santificação, porque eles querem insistir que a obra de Deus é fundamental e
nossa obra na santificação é apenas algo secundário (Fp 2.12-13). Entretanto,
se expusermos claramente a natureza do papel de Deus e do nosso papel na
santificação, não parece impróprio dizer que Deus e o homem cooperam na
santificação. Deus atua na nossa santificação e nós também, tudo com o mesmo
propósito.
O papel de Deus na santificação.
Visto
que a santificação é principalmente uma obra de Deus, a oração de Paulo
torna-se apropriada: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo” (1Ts 5.23).
Um papel específico de Deus Pai na santificação é seu processo de nos
disciplinar como Seus filhos (cf. Hb 12.5–11). Paulo diz aos filipenses que
“Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa
vontade” (Fp 2.13), mostrando assim um pouco da maneira como Deus os santifica
– tanto causando neles o querer Sua vontade
como dando-lhes poder para fazê-la.
O nosso papel na santificação.
O
papel que desempenhamos na santificação é tanto passivo, pelo qual dependemos
de que Deus nos santifique, como ativo, pelo qual nos esforçamos para obedecer
a Deus e dar os passos que aumentarão a nossa santificação. Podemos considerar
agora os dois aspectos de nosso papel na santificação.
Primeiro, aquele que pode ser chamado papel “passivo” que
desempenhamos na santificação é visto em textos que nos encorajam a confiar em
Deus ou a orar pedindo que Ele nos santifique. Paulo fala a seus leitores
romanos: “Oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos” (Rm 6.13; cf.
v. 19), e também: “... apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e
agradável a Deus” (Rm 12.1). Paulo compreende que somos dependentes da obra do Espírito
Santo para crescer na santificação, porque ele diz: “Se, pelo Espírito,
mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis” (Rm 8.13).
Segundo, o papel “ativo”. Paulo em Rm 8.13 reconhece que é
“pelo Espírito” que somos capazes de nos santificar (mortificar os efeitos do
corpo). Não é ao Espírito Santo que se ordena a mortificação dos feitos do
corpo, mas sim aos cristãos. É uma obra “pelo Espírito”, mas um imperativo e
responsabilidade nossa. Paulo também nos exorta a desenvolver a nossa salvação com temor e tremor (cf. Fp 2.12,13).
Ponto chave:
O Novo Testamento não sugere quaisquer atalhos pelos
quais possamos crescer na santificação, mas simplesmente nos encoraja
repetidamente a dedicar-nos à antiga e consagrada fórmula de leitura da Bíblia
e meditação (Sl 1.2; Mt 4.4; 17.17), oração (Ef 6.18; Fp 4.6), adoração (Ef
5.18–20), testemunho (Mt 28.19,20), comunhão cristã (Hb 10.24,25) e
autodisciplina ou domínio próprio (Gl 5.23; Tt 1.8), ou seja, o novo testamento
é enfático em dizer que a santificação é uma questão de fé e pratica.
Aplicação:
O
legalismo ensina que a santificação é pelas obras, e por causa disso conduz ao
desespero e ao sofrimento.
A
teologia reformada por sua vez prega a santificação pela graça mediante a fé.
Podemos
cooperar com o desenvolvimento de nossa santificação através da manifestação de
nossa fé.
Semana 4 – Sexta -
Feira
O Legalismo evangélico
Leitura
Bíblica:
Mt.23.13-28
Ler
com oração:
Atam fardos pesados e difíceis de
carregar e os põem sobre os ombros dos homens, entretanto, eles mesmos nem com
o dedo querem move-los. (Mt. 23.4)
Portanto,
ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa,
ou da lua nova, ou dos sábados, Ninguém vos domine a seu bel-prazer com
pretexto de humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu;
estando debalde inchado na sua carnal compreensão, E não ligado à cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado
pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus. Se, pois, estais
mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de
ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não
manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e
doutrinas dos homens; As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria,
em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do
corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne. (Cl 2.16-23)
Existe
uma forte tendência de se entender que a justificação é recebida pela graça
somente, mas de não se entender que a santificação é também uma obra da graça,
do inicio ao fim. É muito comum que os evangélicos, que entendem que suas obras
não têm poder de ganhar a aceitação de Deus na questão da justificação,
voltem-se para o legalismo na questão da santificação. Eles acreditam e vivem
como se sua aceitação e aprovação por Deus dependessem de seu sucesso em
realizar boas obras e manter uma vida santa.
O
pior é que existem muitos pastores que encorajam essas atitudes por meio de uma
pregação opressiva e legalista.
O
legalismo é uma ameaça à igreja, pois dá mais valor à forma do que a essência,
mais importância à tradição do que a verdade,valoriza mais os ritos religiosos
do que o amor. O legalismo veste-se com uma capa de ortodoxia, mas em última
análise, não é a verdade de Deus que defende, mas seu tradicionalismo
conveniente. O legalista é aquele que rotula como infiéis e hereges todos
aqueles que discordam da sua posição. O legalista é impiedoso. Ele julga
maldosamente com seu coração e fere implacavelmente com sua língua e espalha
contenda entre os irmãos.
Ponto chave:
As maiores batalhas, que
Jesus travou foram com os fariseus legalistas. Eles acusavam Jesus de quebrar a
lei e insurgir-se contra Moisés. Vigiaram os passos do Mestre, censuravam-no em
seus corações e desandaram a boca para assacar contra o Filho de Deus as mais
pesadas e levianas acusações. Acusaram-no de amigo dos pecadores, glutão,
beberrão e até mesmo de endemoninhado. Na mente doentia deles, Jesus quebrava a
lei ao curar num dia de sábado, mas não se viam como transgressores da lei
quando tramavam a morte de Jesus com requinte de crueldade nesse mesmo dia.
Aplicação:
O legalismo não morreu. Ele
ainda está vivo e presente na igreja. Ainda é uma ameaça à saúde espiritual do
povo de Deus. Há muitas igrejas enfraquecidas e sem entusiasmo sob o jugo
pesado do legalismo. Há muitos cultos sem vida e sem qualquer manifestação de
alegria, enquanto a Escritura diz que na presença de Deus há plenitude de
alegria e delícias perpetuamente.
Semana 4 – Sábado
Santificação pela fé
Leitura
Bíblica:
Rm 1.17; Ef 2.8; Rm 6.15-23
Ler com oração:
Purificando-lhes pela fé o coração (At 15.9)
Santificados pela fé em mim. (At 26.18)
Assim
como recebemos a nossa salvação pela graça mediante a fé, é pela fé que
conquistamos a vida santa.
Todo esforço da
carne é inútil, e resultará em desânimo e frustração. Todo o nosso batalhar
contra a manifestação exterior do pecado à força das resoluções, apenas acabam
tornando-nos sepulcros caiados (Mt 23.27). É inútil lutarmos contra os desejos
pecaminosos utilizando apenas da força de vontade.
Lutero viveu o inferno na terra enquanto
tentou vencer o pecado na força da carne.
Ele chegou ao ponto de chicotear as
próprias costas, dormir sobre o chão duro, passar dias sem comida, subir de
joelhos uma escadaria em Roma_ sem resultado.
Seus professores no mosteiro diziam-lhe que ele já fazia o suficiente
para ter paz de espírito. Mas ele não tinha paz. Seu senso de pecado era muito
profundo. Ele pensava que a justificação e
a santificação eram pelas obras, e que
talvez a dor física aplacasse os desejos da carne.
Graças a Deus ele encontrou a verdadeira
luz lendo:
“O justo viverá por fé” (Rm 1.17)
Ponto
chave:
Ser honesto, não praticar a iniqüidade,
praticar a caridade, ou seja, ser uma pessoa moralmente correta, não comprova
que tal pessoa é verdadeiramente convertida.
Qualquer pessoa não-regenerada pode
produzir obediência exterior, denotando o comportamento de uma pessoa moralmente
correta, não comprova que tal pessoa é verdadeiramente convertida.
Qualquer pessoa não-regenerada pode
produzir obediência exterior, denotando o comportamento de uma pessoa
santificada. Essa atitude serve muito bem para convencê-la de que é cristã
quando na verdade não é. A igreja evangélica contemporânea esta abarrotada de
pessoas irregeneradas que imaginam que são salvas por causa de seu
comportamento legalista.
Aplicação:
A nossa santificação está no fato de que
o nosso velho homem foi crucificado com Cristo, e como conseqüência estamos
mortos para o pecado que agora não tem mais domínio sobre nós.
E
se fomo unidos a Cristo na sua morte e ressurreição, podemos agora andar na lei
do Espírito e da vida, ou seja, vencemos
o pecado depositando a nossa fé na obra realizada por Cristo em nosso favor.
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